"Se
há coisa poderosa no futebol é a metáfora de vida que frequentemente a
acompanha. E o que nos diz esta vitória? Coisas simples mas muitas vezes
esquecidas dos portugueses: que sonhar é grátis e pode levar-nos longe; que a
adversidade e as dificuldades são mesmo pedras no caminho para construir
castelos; que ser português não é sinónimo de pensar ou sonhar pequeno, mas sim
uma forma única de ser, de todos os tamanhos e vontades; que devemos acreditar
muito antes de ver, que a nossa fé no futuro não seja sempre minada pela nossa
frequente falta de auto-confiança; que improvisamos melhor que ninguém quando
os planos se alteram; que somos capazes de fazer tudo ou mais do que os outros
fazem, coisa que parece senso comum, mas nem sempre está claramente presente no
nosso espírito interno face ao mundo global; que o trabalho alimenta a
esperança e vice-versa; que a ambição não nos esmaga a humildade, somos um dos
povos mais bonitos do mundo e não devemos ter medo de afirmá-lo.
E
o mais importante de tudo: no fim de contas, à boca das grandes decisões das
nossas vidas, o importante é termos mesmo tentado, mas mesmo a sério, sem
desculpas. Termos ido até onde nos foi humanamente possível, de coração cheio
de esperanças e sonhos. Se falharmos, e desculpem a linguagem mas tenho de
parafrasear o Cristiano num dos momentos-chave deste Euro, “que se foda”.
Porque
afinal essa coisa de viver e ser feliz tem muito mais a ver com a tentativa e
procura constante de fazer algo de extraordinário, por mais pequeno ou maior
que seja. Não é o falhanço que nos define, mas sim a nossa vontade permanente
de ir mais longe. E o risco maior que corremos é que, num dia como o de ontem,
acabemos mesmo por ir mais longe, mais alto, mais perto do que efectivamente
sonhámos.
Agora é sempre a nossa vez."
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